Você já teve um chefe que ficava o tempo inteiro preocupado com o andamento do seu trabalho e com o que você estava fazendo?
O microgerenciamento é o excesso de cobrança e de controle sobre determinada tarefa. Ao invés de agir com atitudes positivas de acompanhamento, o microgerenciamento é um comportamento do líder que se apega aos detalhes e quer controlar tudo a todo momento. Os microgerentes criam um ambiente de trabalho tóxico.
Uma cultura que inibe o pensamento inovador, a criatividade e a autonomia.
Esse comportamento tóxico do líder pode levar sérios problemas ao colaborador como:
Depressão, ansiedade, problemas de sono e fadiga;
Aumento do estresse;
Diminuição da autoestima e autoconfiança;
Falta de motivação;
Medo de sofrer retaliação ou ser demitido.
Microgerenciar é como perguntar para um adolescente se ele já escovou os dentes e pedir pra ele abrir a boca pra conferir.
Pessoas microgerenciadas tendem a ser menos produtivas, pois se sentem controladas e corrigidas. Elas tem a sensação de que não estão atendendo as expectativas do líder. É uma das formas mais desgastantes de liderar pessoas.
Segundo os pesquisadores Teresa Amabile e Steven Kramer, os microgerenciadores cometem 4 erros (1):
Não dão autonomia para a realização do trabalho, eles ditam cada movimento, acreditam que são os únicos capazes de tomar decisões.
Perguntam constantemente sobre o trabalho sem fornecer uma ajuda real. As pessoas podem gastar mais tempo produzindo atualizações detalhadas do que se concentrando no trabalho em si.
Atribuem a culpa à equipe quando surgem problemas, levando o time a esconder os problemas ao invés de discuti-los com honestidade.
Guardam informações para usar como arma secreta.
"Um chefe que microgerencia é como um treinador que quer entrar no jogo. Os líderes orientam e apoiam e, em seguida, sentam-se para torcer do lado de fora." Simon Sinek
Segundo a Forbes, uma pesquisa realizada pela Trinity Solutions revelou que (2):
79% dos funcionários tiveram experiência em microgerenciamento;
71% disseram que o microgerenciamento interferiu no desempenho do trabalho;
85% relataram que seu moral foi impactado negativamente;
69% consideraram mudar de emprego devido ao microgerenciamento;
36% realmente mudaram de emprego.
Os microgerentes se concentram em erros e fraquezas, ao invés de destacar conquistas e esforços. Não importa o quanto o colaborador trabalhe, ele nunca sente que seu trabalho é bom o suficiente. Isso faz com que os funcionários se sintam humilhados, abala a sua autoconfiança e motivação.
Muitas vezes o microgerenciamento é inconsciente. Desenvolvimento de Liderança ainda é um tema que precisa de muita atenção nas empresas. A maioria dos líderes não teve bons exemplos de liderança durante a sua carreira, eles aprenderam a reproduzir comportamentos tóxicos e ultrapassados.
Muitos outros sequer tiveram oportunidade de se desenvolver e vão levando a liderança “nas coxas”, do jeito que dá.
Microgerentes podem ter boas intenções.
Um líder pode cair na armadilha do microgerenciamento inclusive tentando acertar, porque não aprendeu a confiar nas pessoas, porque é perfeccionista e tem dificuldade de delegar, porque tem a crença de que só ele sabe fazer tão bem aquela tarefa.
Se você chegou até aqui e percebeu que é um microgerenciador, não desanime, saiba que tem jeito pra tudo nessa vida, menos pra morte, até o momento, porque o novo desafio de Jeff Bezos é a busca pela imortalidade. Rs
Sim Tábata, descobri que sou um microgerenciador, o que devo fazer?
Vou deixar pra você 4 dicas práticas:
1) Deixe o perfeccionismo, perfeição não existe. Dê oportunidade para que a equipe teste novas abordagens e experimente novas ideias.
2) Aprenda a delegar – no início pode até parecer que vai dar mais trabalho e consumir o seu tempo, mas te garanto, o ganho vai ser muito maior.
3) Concentre-se nas suas responsabilidades – ao invés de microgerenciar cada etapa do trabalho, alinhe expectativas, defina objetivos e apoie a equipe no que ela precisar.
4) Busque feedback e converse com a equipe. Quando as coisas saem do trilho nada melhor do que uma boa conversa. E independente de qualquer coisa, mantenha o diálogo aberto. Converse com cada colaborador individualmente para entender as suas necessidades e o que ele espera de você, entenda as demandas da sua equipe e se ajuste a essas necessidades.
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Referências:
1) Harvard Business Review - Felicidade (Coleção Inteligência Emocional). São Paulo: Editora Sextante, 2019. 111 p.
2) KURTER, Heidi Lynne. Is Micromanaging A Form Of Bullying? Here Are 3 Things You Should Know. Forbes, 2021. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/heidilynnekurter/2021/06/29/is-micromanaging-a-form-of-bullying-here-are-3-things-you-should-know/?sh=5b9c511a4467